A CAPTURA
Angel, médico do exército da ELN, se aproxima do resto do seu batalhão. A visita a sala de instruções parecia ter sido a horas. Contrastando com o ambiente calmo e relaxante da sala, ali no deserto parecia horrivelmente desconfortável. O sol escaldante torrava-lhe as costas incessantemente, e aquela maldita areia não parava de entrar em seus olhos. Recordando-se, ele não conseguia decidir se esta missão era um alívio ou uma sentença de morte. Se por um lado, ele poderia escapar da carnificina que seria a tomada da primeira base da MEC, onde todas as forças de ambos os exércitos estaria reunida, por outro, ele e mais 5 companheiros, isto é, se chegassem todos ao objetivo, estariam isolados no meio do território inimigo, logo após terem tomado a base mais distante do seu próprio exército na cidade de Karkand.
Para chegarem até lá, os seis homens se dividiriam em 3 equipes. 3 deles iriam no primeiro jipe, 2 no segundo, e cobrindo sua retaguarda, estaria um tanque. Tentariam fazer com que todos seguissem emparelhados, mas ao chegarem perto da cidade, os jipes deveriam acelerar o máximo possível, pois sua blindagem não resistiria a um míssil, ao contrário do tanque.
Angel iria como atirador no segundo jipe, que seria pilotado por Project Sniper que, como já dizia seu nome, era um atirador de elite. O motivo pelo qual ele iria pilotar, pensava Angel, e não iria ficar na metralhadora sobre o jipe, era que a vida de um sniper valia mais na opinião do exército do que a de um médico. Médicos não eram famosos por matar inimigos. Ou isso, ou talvez fosse porque a patente dele era mais alta. Qualquer que fosse o motivo, era Angel que estava lá em cima, e era ele que iria ter que agüentar o choque das primeiras balas. Isso se o jipe não explodisse e matasse os dois.
Chegou a hora, e o comboio partiu. Após 10 minutos rodando, chegaram ao último posto avançado antes de Karkand. Lá encontraram apenas rostos tensos e soldados feridos. A batalha já havia começado há algum tempo. Felizmente não ficaram muito por ali, pois a espera os estava deixando nervosos.
Aceleraram novamente, e antes de chegarem a cidade já podiam ouvir os tiros. Isso, e os gritos. O motorista do jipe da frente deu o sinal para começarem a carga e assim a corrida mortal começou. Entraram a toda pela rua principal da cidade, os soldados da ELN, cientes do que ira acontecer, estavam evitando ocupar a estrada. Muitos soldados MEC, pegos de surpresa, eram atropelados. Os que tinham a sorte de escapar não eram poupados pelos impiedosos atiradores dos jipes.
Apesar da alta velocidade, para Angel parecia que tudo estava em câmera lenta. Ele podia sentir a pressão de seu dedo no gatilho, o recuo da arma a cada bala disparada, via as cápsulas vazias voando no ar, e via rostos. Os rostos de seus inimigos. Primeiro a surpresa, então a raiva ao serem fustigados pelas balas, e finalmente, nada. Mas ainda assim ele sabia, sentia que cada um daqueles pares de olhos estava amaldiçoando-o. Espantou estes pensamentos sinistros para concentrar-se em sua tarefa atual. Se deixasse que qualquer um daqueles homens vivesse, este poderia ser o seu algoz. Ele odiava matar. Era um médico, e sua natureza lhe dizia que devia estar salvando vidas. Mas a natureza da guerra não lhe permitia ser piedoso. E para cada um que ele matava, um dos seus poderia estar sendo poupado. E isto não era uma outra forma de salvar a vida de seus companheiros?
Esta sinistra linha de raciocínio foi abandonada quando o carro a frente dele sumiu em uma bola de fogo e fumaça. Os inimigos também tinham seus veículos afinal, e um blindado estava bem a sua frente. O carro deu uma guinada para a direita, enquanto Project desviava das ferragens em chamas. Ao fazer isto, Angel viu que seu tanque aliado já estava contra-atacando, a distração perfeita para que eles avançassem. Project se desviou de um poste, fez outra curva fechada, e eles estavam livres, haviam ultrapassado o tanque inimigo, e este estava muito ocupado para se concentrar neles.
Desceram por uma rampa, embrenhando-se no labirinto de ruas da cidade, e por pura sorte não encontraram mais soldados.
Avançaram por duas pontes e avistaram seu objetivo. A última base inimiga na cidade, e estava vazia. Parecia que os soldados da MEC não dispunham de tantas forças nesta cidade, e estavam usando a maioria na linha de frente. Provavelmente existiam apenas patrulhas ocasionais nas bases da retaguarda.
Chegaram a bandeira inimiga, e suas instruções diziam para abaixa-la e hastearem sua própria bandeira. Project desceu, carregando orgulhosamente a bandeira Brasileira, enquanto Angel continuou em seu posto na metralhadora.
Enquanto Project fazia seu serviço, Angel ouviu o barulho de um motor. Uma patrulha inimiga, pensou ele. Rezou para que não viessem em sua direção. Deus devia estar ocupado...
Ele viu a frente do carro inimigo, apenas um jipe blindado como o deles. Pela segunda vez no dia, Angel puxou o gatilho, e a metralhadora cuspiu fogo. Teve sorte, conseguiu acertar o tanque de combustível, e pela segunda vez, viu um veículo ser engolido por chamas. Um soldado saiu cambaleante das ferragens, apenas para ser abatido em segundos.
Após concluírem a missão, deviam se reencontrar com seu próprio exército. Project falou que iria procurar por um lugar alto, iria matar alguns inimigos e esperar pelo resgate. Angel decidiu pegar o carro e tentar sair dali da mesma maneira que entraram.
Voltou até a ponte sem encontrar nenhuma outra patrulha. Já estava cruzando a segunda, quando algo nos céus lhe chamou a atenção. Parecia que a MEC havia trazido alguns caças, e a ELN tratou de revidar. Enquanto olhava, o piloto da MEC fez uma manobra errada, e o piloto da ELN atirou. Alguns mísseis erraram o alvo, e acabaram numa torre, mas outros acertaram em cheio. Angel começou a ovacionar o piloto da ELN, quando viu onde o avião abatido iria cair. Tentou acelerar, mas já era tarde demais. O avião caiu, destruindo ponte, jipe, e Angel.
“Sorte?Sou bom demais para precisar disso.”
Últimas palavras do Tenente Project Sniper, atirador-de-elite, morto por um míssil aliado que errou seu alvo.
Angel, médico do exército da ELN, se aproxima do resto do seu batalhão. A visita a sala de instruções parecia ter sido a horas. Contrastando com o ambiente calmo e relaxante da sala, ali no deserto parecia horrivelmente desconfortável. O sol escaldante torrava-lhe as costas incessantemente, e aquela maldita areia não parava de entrar em seus olhos. Recordando-se, ele não conseguia decidir se esta missão era um alívio ou uma sentença de morte. Se por um lado, ele poderia escapar da carnificina que seria a tomada da primeira base da MEC, onde todas as forças de ambos os exércitos estaria reunida, por outro, ele e mais 5 companheiros, isto é, se chegassem todos ao objetivo, estariam isolados no meio do território inimigo, logo após terem tomado a base mais distante do seu próprio exército na cidade de Karkand.
Para chegarem até lá, os seis homens se dividiriam em 3 equipes. 3 deles iriam no primeiro jipe, 2 no segundo, e cobrindo sua retaguarda, estaria um tanque. Tentariam fazer com que todos seguissem emparelhados, mas ao chegarem perto da cidade, os jipes deveriam acelerar o máximo possível, pois sua blindagem não resistiria a um míssil, ao contrário do tanque.
Angel iria como atirador no segundo jipe, que seria pilotado por Project Sniper que, como já dizia seu nome, era um atirador de elite. O motivo pelo qual ele iria pilotar, pensava Angel, e não iria ficar na metralhadora sobre o jipe, era que a vida de um sniper valia mais na opinião do exército do que a de um médico. Médicos não eram famosos por matar inimigos. Ou isso, ou talvez fosse porque a patente dele era mais alta. Qualquer que fosse o motivo, era Angel que estava lá em cima, e era ele que iria ter que agüentar o choque das primeiras balas. Isso se o jipe não explodisse e matasse os dois.
Chegou a hora, e o comboio partiu. Após 10 minutos rodando, chegaram ao último posto avançado antes de Karkand. Lá encontraram apenas rostos tensos e soldados feridos. A batalha já havia começado há algum tempo. Felizmente não ficaram muito por ali, pois a espera os estava deixando nervosos.
Aceleraram novamente, e antes de chegarem a cidade já podiam ouvir os tiros. Isso, e os gritos. O motorista do jipe da frente deu o sinal para começarem a carga e assim a corrida mortal começou. Entraram a toda pela rua principal da cidade, os soldados da ELN, cientes do que ira acontecer, estavam evitando ocupar a estrada. Muitos soldados MEC, pegos de surpresa, eram atropelados. Os que tinham a sorte de escapar não eram poupados pelos impiedosos atiradores dos jipes.
Apesar da alta velocidade, para Angel parecia que tudo estava em câmera lenta. Ele podia sentir a pressão de seu dedo no gatilho, o recuo da arma a cada bala disparada, via as cápsulas vazias voando no ar, e via rostos. Os rostos de seus inimigos. Primeiro a surpresa, então a raiva ao serem fustigados pelas balas, e finalmente, nada. Mas ainda assim ele sabia, sentia que cada um daqueles pares de olhos estava amaldiçoando-o. Espantou estes pensamentos sinistros para concentrar-se em sua tarefa atual. Se deixasse que qualquer um daqueles homens vivesse, este poderia ser o seu algoz. Ele odiava matar. Era um médico, e sua natureza lhe dizia que devia estar salvando vidas. Mas a natureza da guerra não lhe permitia ser piedoso. E para cada um que ele matava, um dos seus poderia estar sendo poupado. E isto não era uma outra forma de salvar a vida de seus companheiros?
Esta sinistra linha de raciocínio foi abandonada quando o carro a frente dele sumiu em uma bola de fogo e fumaça. Os inimigos também tinham seus veículos afinal, e um blindado estava bem a sua frente. O carro deu uma guinada para a direita, enquanto Project desviava das ferragens em chamas. Ao fazer isto, Angel viu que seu tanque aliado já estava contra-atacando, a distração perfeita para que eles avançassem. Project se desviou de um poste, fez outra curva fechada, e eles estavam livres, haviam ultrapassado o tanque inimigo, e este estava muito ocupado para se concentrar neles.
Desceram por uma rampa, embrenhando-se no labirinto de ruas da cidade, e por pura sorte não encontraram mais soldados.
Avançaram por duas pontes e avistaram seu objetivo. A última base inimiga na cidade, e estava vazia. Parecia que os soldados da MEC não dispunham de tantas forças nesta cidade, e estavam usando a maioria na linha de frente. Provavelmente existiam apenas patrulhas ocasionais nas bases da retaguarda.
Chegaram a bandeira inimiga, e suas instruções diziam para abaixa-la e hastearem sua própria bandeira. Project desceu, carregando orgulhosamente a bandeira Brasileira, enquanto Angel continuou em seu posto na metralhadora.
Enquanto Project fazia seu serviço, Angel ouviu o barulho de um motor. Uma patrulha inimiga, pensou ele. Rezou para que não viessem em sua direção. Deus devia estar ocupado...
Ele viu a frente do carro inimigo, apenas um jipe blindado como o deles. Pela segunda vez no dia, Angel puxou o gatilho, e a metralhadora cuspiu fogo. Teve sorte, conseguiu acertar o tanque de combustível, e pela segunda vez, viu um veículo ser engolido por chamas. Um soldado saiu cambaleante das ferragens, apenas para ser abatido em segundos.
Após concluírem a missão, deviam se reencontrar com seu próprio exército. Project falou que iria procurar por um lugar alto, iria matar alguns inimigos e esperar pelo resgate. Angel decidiu pegar o carro e tentar sair dali da mesma maneira que entraram.
Voltou até a ponte sem encontrar nenhuma outra patrulha. Já estava cruzando a segunda, quando algo nos céus lhe chamou a atenção. Parecia que a MEC havia trazido alguns caças, e a ELN tratou de revidar. Enquanto olhava, o piloto da MEC fez uma manobra errada, e o piloto da ELN atirou. Alguns mísseis erraram o alvo, e acabaram numa torre, mas outros acertaram em cheio. Angel começou a ovacionar o piloto da ELN, quando viu onde o avião abatido iria cair. Tentou acelerar, mas já era tarde demais. O avião caiu, destruindo ponte, jipe, e Angel.
“Sorte?Sou bom demais para precisar disso.”
Últimas palavras do Tenente Project Sniper, atirador-de-elite, morto por um míssil aliado que errou seu alvo.