Cap.4- A Ruptura
Depois de silenciarmos os últimos lycans, chamo meus subordinados sobreviventes para um conselho.
-Meus caros amigos, o que se abateu hoje sobre nós é uma tragédia. Posso ver que pouco mais da metade de nós sobreviveu, e sinto que lhes devo uma explicação para tal sacrifício. Hoje, Isabor nos traiu, e desfechou um golpe sobre nós. Os Lordes vampiros eram leais somente a ela, e a ajudaram na empreitada. Não fossem as ações heróicas de vocês, eu não estaria aqui para lhes dizer isso, e talvez ela tivesse tomado controle do clã. Ela se aliou aos lycans, em sua tentativa insana de assumir o poder, e foi ela que entregou nossa posição. Isabor acha que nossas raças devem se unir para levar o terror aos humanos. Ela está cega, não percebe que assim pode acabar levando a extinção aos humanos, e com isso, a nossa própria espécie. E eu tenho certeza de que assim que tiverem conseguido com que baixemos a guarda, os lycans irão nos trair e dizimar a todos. São apenas animais sedentos de sangue.
-Então preciso saber, vocês estão dispostos a continuarem comigo, para obtermos nossa vingança contra Isabor e seus Lycans?
Estava tão certo de minha falha de liderança ao não perceber a traidora, que fiquei muito surpreso ao vê-los jurarem fidelidade, afirmando que se me obedeceram até aquele ponto, ficariam comigo até o fim…
-Fico muito feliz em saber disso, então vamos começar a planejar o que fazer em seguida, temos que arranjar um novo esconderijo, preparar as armas, e principalmente, precisamos de mais contingente… Diabos, mesmo com a ajuda dos Lycans, como foi que eles puderam matar tantos dos nossos?
Desta vez, todos pareceram ficar mais pesarosos, e então Hoolferman falou:
-Zecrag, não foram somente os Lycans. A traidora conseguiu seduzir alguns dos nossos, com mentiras sobre mais poder e um mundo onde poderiam sugar sangue a qualquer hora, sem se preocuparem em serem descobertos, coisa que você vem lhes negando a tempos… Eles sucumbiram a tentação… O maior erro dela foi tentar me corromper, pois consegui me livrar dela, e soar o alarme de perigo. Mas bastou que nossos irmãos começassem a se preparar para a batalha, que aqueles que haviam sido seduzidos mostraram suas caras… Eles já estavam prontos para a batalha, e mataram a maioria de nós antes que tivéssemos conseguido chegar até as armas. Quando finalmente conseguimos nos organizar, não foi difícil derruba-los, a maioria era de novatos e vampiros de mente fraca… Mas o estrago já estava feito. Eles ganharam tempo suficiente para que ela invocasse os lobisomens até nós, e o resto da batalha você já conhece. Por um momento nós suspeitamos que você estivesse com ela, mas estes três guerreiros o acharam, e fizeram isso bem a tempo.
Depois que Hoolferman terminou seu relato, fiquei pensativo por alguns minutos. Enfim, comecei a explicar-lhes meu plano.
-Muito bem, quero que quatro de vocês se encarreguem de caçar o Lorde Vampiro sobrevivente, rastreiem-no e o derrotem, mas não o matem! Precisamos dele vivo para que possa nos dar mais informações a respeito dos planos de Isabor, além de sua localização. Tenham cuidado, pois ele estará portando um dispositivo para se matar em caso de captura, revistem-no antes que ele possa ter chance de fazer isto. Hoolferman, encarrego você de chefiar esta incursão.
“O resto de nós irá para a antiga sede da Kilath, o Hoolferman sabe onde é, vocês precisarão dele para nos achar. É um lugar escondido, e não acredito que alguém tenha se apossado dele. Lá montaremos uma nova defesa e acredito que possamos nos manter razoavelmente estáveis pelos próximos anos.”
Hoolferman escolheu os quatro rastreadores que desejava, e então estes saíram apressadamente, para seguirem os rastros do Lorde. Logo se embrenharam na floresta circunvizinha.
-Senhor, acredito que o Lorde esteja machucado demais para se transformar em morcego. A manchas de sangue entre as árvores, como se estivesse machucado.
-Concordo com você, soldado. - Diz Hoolferman -Nós não podemos nos transformar ou iremos perder o rastro, mas acredito que podemos correr mais que ele. O problema é que ele tem algumas horas de vantagem sobre nós, e assim que seu fator de cura se manifestar, teremos que nos esforçar se quisermos acabar com a vantagem que tem sobre nós.”
Após trocarem estas palavras, deram prosseguimento a marcha. Corriam pela floresta, mais velozes do que qualquer humano poderia ser, e se valiam de seus poderes vampirescos para encontrar os rastros cada vez mais escassos deixados pelo Lorde.
Quando já estava quase amanhecendo, o grupo decidiu parar, e cavaram buracos na terra para poderem passar o dia.
Ao cair da noite, Se ergueram da terra e deram prosseguimento a caçada. Agora estavam se valendo mais de sua forte intuição que de qualquer outra coisa.
Continuarem neste ritmo por dois dias, até que algo interessante aconteceu. Escondidos entre as folhagens, finalmente avistaram seu alvo. Ele estava parado, sua capa esvoaçando ao vento, enquanto conversava com alguns... Humanos? Não poderia ser. Eles precisavam se aproximar mais.
Ao chegarem mais perto puderam entreouvir pedaços da conversa, e descobriram que os “humanos” ali parados eram na verdade Lycans.
-Senhor, devemos atacar agora, vamos nos aproveitar que eles estão enfraquecidos, podemos liquidar todos de uma vez!- Disse um dos soldados.
-Não. Se atacarmos, mesmo enfraquecidos eles revidarão, somos muito poucos, e provavelmente o Lorde conseguiria escapar. E duvido muito que desta vez ele seja tão descuidado a ponto de deixar rastros. Devemos segui-lo por mais um tempo. Atacaremos se ele ficar sozinho. Fora isto, só se descobrirmos onde é o esconderijo da Isabor...